O primeiro mês.

Na imagem: Antônio sorrindo e a frase "Primeiro mês do Antônio".

Na imagem: Antônio sorrindo e a frase “Primeiro mês do Antônio”.

Sexta passada o nosso querido Antônio comemorou seu primeiro mês, viva! Não vou mentir, os primeiros dias foram bem difíceis. Passamos a véspera de natal e o natal na maternidade, tive reação à anestesia (enxaqueca), estava com diversos curativos e a sonda urinária era extremamente desconfortável. Além disso, assim como com a Alice, tive hiperlactação, e fissuras nos seios. Hiperlactação é uma coisa tão chata, que o desconforto da sonda ficou até em segundo plano, em termos de incômodo. Mas foram os 10 primeiros dias, com o tempo as coisas foram melhorando. 🙂 Ainda bem!

O pequeno nasceu mamando super bem! Ele já nasceu morto de fome e com a pega perfeita, do jeito que eu tanto torci durante a gestação. Não consegui amamentar direito a Alice, e queria muito que desta vez desse certo, e deu. Aliás deu super certo: o bebê é super esfomeado e quer comer o tempo todo. A fome era tanta que ele nem perdeu peso ao sair da maternidade, já saiu 100 gramas mais pesado do que nasceu! 😮 Nunca tinha visto disso.

Neste primeiro mês tive uma rede de apoio enorme. Tios, padrinhos, avós, e sobrinhos, vários familiares e amigos se revezando para me ajudar a cuidar da Alice, da casa e de mim mesma. Se já foi difícil com toda essa ajuda, fico só imaginando quem não tem apoio nenhum… (fica aqui meu agradecimento por toda a ajuda, vocês foram demais). Acredito que ter essa rede seja fundamental para o sucesso da amamentação, pra reduzir as chances de baby blues, entre outras vantagens. Se a mulher está completamente esgotada física e emocionalmente, não há produção de leite que dure.

O Antônio é uma figurinha, um bebê muito tranquilo. Como eu torci por um bebê suave na nave para equilibrar um pouco com a Alice-ligada-na-tomada. Tem pouca cólica, chora pouco e tira várias sonequinhas. Ainda não tem o sorriso muito fácil, está frequentemente com uma carinha de desconfiado. Mas quando abre um sorriso é uma graça, me derreto toda. Ele está engordando e esticando bastante também, tem roupinhas que nem usou e já não estão servindo mais. Eu, miuda que sou (assim como a Alice), acho tudo isso muito diferente e engraçado.

Foi bom enquanto durou, acabou a folga: terminaram as férias da minha irmã e da minha mãe, e minhas tias viajaram para casa de praia, então as ajudinhas estão ficando cada vez mais escassas. A Alice ainda está de férias, então fico com os dois pequenos o dia inteiro. Gente… que canseira. E isso que conto com a super Maússa para me ajudar com a arrumação da casa. Eu fico pensando na ‘Carol que trabalhava o dia todo’, e na ‘Carol mãe de um filho só’, e que se achava super cansada e penso: Sabia de nada, inocente… (e provavelmente alguma leitora que é mãe de 3 está pensando isso da Carol atual).

Queria comentar sobre o desafio que está sendo lidar com os ciúmes da Alice, e a dificuldade que estou tendo em dividir a atenção entre duas crianças. Mas isso é um assunto tão complexo, que farei um post somente para ele. Sabe como é, com um recém nascido e uma pequena na fase “terrible two” de férias em casa, mais que 15 minutos na frente do computador é luxo!

Abaixo algumas fotos dos pequenos neste primeiro mês 🙂

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Alicentrismo

(Texto publicado originalmente em novembro do ano passado no blog Janela com Vista. Confira o belo projeto Outro Olhar, criado pelo Instituto Alana)

Hoje em dia nós passamos muito tempo de nossas vidas sendo definidos pelo nosso trabalho e por nossa vocação. Mas ao nos tornamos mães ou pais há uma ruptura nessa imagem. Claro que em menor ou maior escala, dependendo da realidade de cada pessoa, e do quanto você aproveita essa ocasião para refletir. Mas e quando você não usa a oportunidade para se redescobrir uma pessoa plural e cai na cilada de apenas trocar um “figurino” por outro?

– Figurino, Carol? Como assim?

Figurino, personagem, imagem, enfim. Explico e dou um exemplo: antes eu era a “Carol-Designer” e agora sou “Carol-Mãe-da-Alice“. Aliás, eu ando numa fase tão “Carol-Mãe-da-Alice”, tão absorta em meu Alicentrismo, que de vez em quando até esqueço que estou grávida! Ainda bem que o mano dela chuta o tempo todo, como se quisesse me alertar: oi, lembra de mim? 🙂 Ou seja, eu mesma caí nessa armadilha e troquei um figurino reducionista por outro. A realidade é que eu sou “Carol-um-milhao-de-coisas”, e não somente este ou aquele binômio simples.

Com certeza a chegada do querido e amado mano em dezembro me fará sair dessa órbita Alicêntrica na qual eu me encontro. Na marra! Vai bagunçar minha rotina, desequilibrar toda minha vida novamente, fazendo eu repensar mais uma vez quem eu sou e agregar novas Caróis ao meu repertório. Mas que todas essas Caróis saibam que também tem luz própria, e não precisam nunca se reduzir à satélites, orbitando em volta de uma única coisa, seja um filho, uma vocação ou uma profissão.

O parto.

O nascimento (ou: senta que lá vem história…)

Quem me conhece ou me acompanha pelo facebook sabe como violência obstétrica é algo que me tira do sério, e como eu admiro e defendo partos humanizados. Eu já gostaria de ter parido a Alice na água, sem intervenções, mas por uma série de fatores precisei fazer uma cesárea. Desta vez eu estava animada em tentar um VBAC (parto natural após cesárea).

Minha cicatriz uterina não estava muito espessa, mas o obstetra que me acompanhava topou encarar o desafio. (Em tempo, critérios como espessura da cicatriz uterina não impedem necessariamente que você tente o vbac. Leia este link!) Ele apenas me esclareceu que seria mais seguro para mim e para o bebê que não fosse utilizada analgesia durante o trabalho de parto, pois a dor no local da cicatriz seria um indicativo de perigo, e se eu estivesse sem sensibilidade na região, não seria capaz de oferecer este feedback.

Escuto muitos relatos falando de trabalhos de parto rápidos e intensos, não foi o caso do meu. Passei 3 dias em um “trabalho de parto” cansativo, mas administrável. As contrações eram espaçadas e com uma dor moderada. Eu já estava me achando, crente que tiraria de letra e que se aquilo ali eram contrações, então a mulherada exagerava, pois não doía tanto. Aham Claudia, senta lá…

Até que chegou a madrugada de segunda feira, dia 22. Foi quando o trabalho de parto engatou para valer. Aí sim conheci o que eram contrações de fato. Passei a madrugada inteira cronometrando as contrações e tentando burlar a dor. Eu já não dormia há alguns dias, então estava muito cansada. Minha amiga e obstetra veio cedo na minha casa ver como eu estava, e aproveitou para ver qual era minha dilatação. Eu jurava que já estava com pelo menos 6 cm mas, para meu pânico, estava apenas com 3 cm.

Conforme eu havia planejado, procurei ficar em casa o máximo que pude, e assim o fiz, ficando até as 5 da tarde, quando a dor começou a ficar insuportável. Sim, neste momento eu já estava em 17 horas de trabalho de parto ativo, e jurava que o pequeno estava prestes a chegar. Eu, que sempre fui durona com dor, estava completamente fora da casinha de tanto sofrimento, mal conseguia caminhar e ficar em pé. Além disso o Antônio me chutava muito entre as contrações, de forma que eu não conseguia descansar. Chegando na maternidade fui levada para a sala de triagem onde fui avaliada, e estava ainda com apenas 6 cm de dilatação (eu jurava que estava com o bebê quase coroando).

(Pausa para agradecimento: Não sei nem como agradecer minha querida amiga Juliany, que mais uma vez foi uma presença tão especial no nascimento de um filho. Se a experiência deste parto foi desafiadora e difícil, não consigo nem imaginar em como teria sido sem ela. Não dá nem para listar aqui tudo o que ela fez por mim. Mas eu sei. Ju, tu é demais. Te amo. Gratidão!)

Fiquei mais algumas horas com contrações fortíssimas e infelizmente a dilatação havia parado. Foi quando implorei para o meu obstetra por analgesia pois não aguentava mais. Como eu já estava com 7 cm, ele decidiu me dar, pois o risco de ruptura uterina já era menor. Com isso consegui dormir, me alimentar (estava sentindo tanta dor que não tinha conseguido comer o dia todo) e descansar um pouco. Quando acordei, já estava com dilatação completa e pronta para a etapa expulsiva. Que coisa maravilhosa que foi a analgesia. ❤ ❤ ❤ Eu estava descansada, calma e feliz em começar a fazer força. Pelo ultrassom eu sabia que o Antônio era grande, e que esta seria uma etapa difícil, mas estava preparada para isso.

Eu estava emocionada, e já estava começando a fazer força, quando comecei a sentir uma dor no lado direito do meu corpo. A cada minuto que passava a dor ia ficando maior e mais intensa. Logo descobri o que estava acontecendo: a analgesia havia passado completamente em metade do meu corpo! Ou seja, de um lado fiquei completamente anestesiada e sem movimentos, e do outro fiquei sentindo dores fortíssimas. Isto me desestabilizou muito física e emocionalmente.

As dores foram ficando cada vez maiores, e depois de 5 horas sem muito progresso no expulsivo (o Antônio “emperrou” em um ossinho meu, e parou de descer) eu pedi por aquilo que tanto temia a gravidez inteira: uma nova cesárea. Eu já estava há muito tempo com a bolsa rota, mas confesso que o que mais me motivou foi meu total esgotamento físico e psicológico. Eu só queria que aquilo terminasse.

Então lá fomos de madrugada rapidamente para a sala de cirurgia. Eu precisava ficar imóvel para aplicação de uma nova anestesia, mas a dor era tanta que eu não conseguia ficar parada. Logo em seguida as dores começaram a se amenizar e fui ficando mais calma novamente. Ufa! Estava lúcida e conseguindo ver tudo pelo reflexo do refletor que fica em cima da cama. De repente ouço um comentário do meu obstetra “que estranho, o que era isso?”. A princípio achamos que meu útero estava com uma aderência e a cirurgia continuou normalmente.

O Antônio nasceu e assim como com a Alice fiquei surpresa com o rostinho dele, bem diferente do que eu imaginava! Ele nasceu bem comprido e com o cabelo bem preto, e com um narizinho diferente do meu. Sempre relacionei esta surpresa/estranhamento com a síndrome de Down da Alice, mas acho que num primeiro momento a gente se surpreende com o nosso filho mesmo (bom, pelo menos eu). Mas eu mal pude olhá-lo direito, pegá-lo, amamentá-lo, pois o pediatra imediatamente o tirou da sala e o levou para longe de mim, demorando o que pareceu uma eternidade para retornar.

Se por um lado eu tive a sorte de ser acompanhada por dois obstetras maravilhosos minha gravidez inteira, que me respeitaram e me apoiaram na minha tentativa de VBAC, em contrapartida eu, meu filho e meu marido fomos desrespeitados pelo pediatra de plantão que acompanhou o nascimento. Não pude ver meu filho direito, não pude amamentá-lo, não pude acalmar seu choro. O pediatra realizou diversos procedimentos que eu havia solicitado para que não fossem feitos no meu plano de parto e tratou meu filho sem o mínimo cuidado e carinho. Não quero me alongar muito sobre esse assunto, pois ainda fico triste quando lembro da situação.

Eu estava ainda triste por estar afastada do meu filho, quando meu obstetra veio conversar comigo, ainda na mesa de cirurgia. Ele me explicou que provavelmente devido à minha cesárea anterior, minha bexiga estava posicionada na frente do útero e, ao iniciar a cesárea, ele havia feito acidentalmente um grande corte nela, e que estava tentando entrar em contato com um urologista. Por sorte o marido de uma das médicas que o estava acompanhando era urologista, e foi de madrugada na maternidade para auxiliá-lo na cirurgia de reparação da bexiga.

Passada a cirurgia, ele me informou que tinha corrido tudo bem, mas que eu teria que usar uma sonda urinária por pelo menos uma semana e ficar de repouso. Acho que nesta hora meu nervosismo juntou-se a reação a analgesia e eu comecei a chacoalhar de tanto tremer na mesa de operação. Mas logo me administraram algo (nem sei o que foi), e fui ficando calma novamente.

E este foi o parto do Antônio. Naquela madrugada não consegui dormir direito, pois ainda tinha medo (irracional, eu sei) de uma nova contração. Durante alguns dias fiquei abalada emocionalmente, traumatizada com tudo o que eu tinha passado. Peço desculpas se decepcionei quem esperava um relato fofo e fotos lindas, mas a vida é assim, com bons momentos e outros nem tanto. Mas o que importa é que o Antônio nasceu muito bem eu agora já estou melhor.

Um adendo importante: que este meu relato não desanime quem sonha com um parto normal! Continuo defendendo os partos humanizados, a informação de qualidade e o empoderamento feminino. O meu parto foi difícil, mas existem diversas histórias lindas para vocês se inspirarem.

na imagem: Antônio com um dia de vida :)

na imagem: Antônio com um dia de vida 🙂

E o próximo post será sobre o primeiro mês do pequeninho! 🙂

A gravidez.

Na imagem: Eu (carol) segurando uma bandeirinha escrito Antônio.

Na imagem: Eu (carol) segurando uma bandeirinha escrito Antônio.

2014 foi um ano muito agitado. Entre trabalhar, reformar a casa e cuidar da Alice, mal tive tempo de curtir minha gravidez. Percebi inclusive que mal falei da gestação aqui no blog e quase não coloquei fotos do meu barrigão no facebook. Vou aproveitar que o querido Antônio está completando um mês hoje (viva!) e farei uma sequencia de posts dedicados a ele, falando sobre a gravidez, contando sobre o parto e com imagens do primeiro mês do pequeninho (e da sua mana, claro!)

A gravidez

Na gravidez da Alice eu tirei uma foto por dia da minha barriga, fazendo um timelapse do crescimento da pança (o resultado final eu postei aqui no blog). Percebi que peripécias como esta são luxos de mãe de primeira viagem, hehe. Dessa vez eu mal tive tempo de registrar em fotos legais o barrigão, a maior parte das fotos que eu tenho foram feitas com o iPhone em frente ao espelho mesmo. Minha barriga ficou bem maior dessa vez! Também, o mano nasceu bem maior e mais pesado que a Alice.

A correria no entanto foi boa para uma coisa: não sobrou tempo para ficar pensando muito se o bebê também teria síndrome de Down ou outra alteração genética. Aliás, não encuquei com quase nada nessa gestação, comi o que queria, esquecia de fazer os exames, não me estressei com peso… Estava tão focada na Alice, que não prestei muita atenção em mim mesma (e por consequência na gestação). Mas talvez isso seja em virtude de ser o segundo filho, acho que vamos ficando menos preocupadas mesmo.

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O café de bebê

Infelizmente minha família teve alguns casos de doença e de falecimento perto do final da minha gravidez, então nem tive clima de organizar um chá de bebê. Mas a dinda do Antônio não quis deixar passar em branco e marcou um café para os pais e tios, para pelo menos celebrar a vinda do pequeno. Foi um café bem simples, em uma pousada aqui de Floripa, muito bonito o lugar! As fotos ficaram tão bonitinhas, sofri para escolher só algumas para postar. (apesar de que eu estava enorme esse dia, maior do que nas últimas semanas de gravidez, não sei o que tinha acontecido).

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Eu ia continuar o texto falando sobre o parto, mas o post começou a ficar muito gigante! Então decidi dividí-lo em 3 partes. Amanhã coloco no ar o relato do nascimento do Antônio 🙂 E o terceiro post será sobre o primeiro post do pequeno. Beijinhos!